Créditos da imagem: Alexandre Vidal / Flamengo / CP
Pode ser duro para o leitor flamenguista ler este texto após uma atuação fantástica sacramentada com uma goleada em um frágil adversário. Não porque farei maiores críticas ou algo além. Exatamente pelo adjetivo que utilizei para definir o Flamengo de Jorge Jesus pelo menos na manhã de domingo: fantástico.
Foi dominante porque soube manter a dose de intensidade nas ações que desordenaram o Goiás. E é possível classificar a equipe de Claudinei Oliveira como frágil exatamente por esta razão. O Flamengo fez por onde fragilizá-la. Pode-se explicar a perspectiva da intensidade e a manutenção do volume das ações a partir da nossa perspectiva natural. Como seres humanos somos hedonistas e buscamos o prazer a todo custo. O conforto move nossas ações.
E quando o Flamengo faz por deixar o Goiás desconfortável em campo, anulando a possibilidade de maiores tranquilidades nas tomadas de decisões, gera-se caos. E imposição, processo hierárquico dentro do jogo. Valor importante para quem precisa propor e/ou comandar jogos.
Mas quando digo que pode ser duro para o leitor flamenguista a sequência deste texto, é porque não haverá maiores exaltações para os seis gols marcados pelo time. A estrutura moldada pelo “mister” Jorge está em pauta.
Dentro do 4-4-2 que pode ser desmembrado em 4-1-3-2 dentro do jogo – como o leitor preferir enxergar ou interpretar -, o Fla aponta para as virtudes de se ter dois homens (dinâmicos, diga-se) em profundidade. Gabriel Barbosa e Bruno Henrique executaram boas ações e abriram muitas janelas para a equipe.
Isto porque os dois homens sobrecarregam a linha defensiva e abrem possibilidade de atacá-la em diagonais a todo instante e pelos dois lados. O vídeo abaixo contextualiza:
Em meu texto de reestreia pelo No Ângulo, abordei diferenças entre ataque posicional (por zona) e ataques menos estruturados que permitem maior liberdade posicional em função da bola aos jogadores; ou seja, menos setorizações.
O Fla de J.J. chega ao último terço do campo estruturando um ataque posicional. Contra o Goiás as maiores investidas partiram do lado esquerdo. Logo, o rubro-negro se dispunha geralmente com Gabriel e Bruno H. pisando na área – este último abusando bastante de diagonais às costas do lateral direito esmeraldino -, Trauco e Arrascaeta triangulando com a sustentação de Diego por trás da linha da bola; e no lado oposto abria o campo com Everton Ribeiro.
Comparado ao trabalho de outros treinadores, Everton Ribeiro talvez participe, proporcionalmente, menos do jogo de agora em diante. Sua função alterna, como no vídeo, entre aproximar em linha de passe diagonal para o lado esquerdo ou manter a posição e associar com Rafinha. Geralmente, com os apoios de Gabigol, o lateral-direito prioritariamente ocupava o corredor buscando condições de cruzar, enquanto Everton Ribeiro centraliza em um corredor mais interno e melhor colocado para seu pé preferido.
Surgem questionamentos para a sequência contra equipes mais preparadas para responder. O jogo de volta contra o Athletico-PR deve começar a mensurar o que é o real e o que pode se tornar o Flamengo de Jorge Jesus. Mas 6 gols não escondem possibilidades que podem vir a se tornar realidade, ou não.
Na sequência do mesmo lance destacado no vídeo anterior, houve a primeira investida do rápido Michael, atacante do Goiás nas costas do lateral Rafinha. Abre-se a janela para possíveis problemas de cobertura por dentro, com Diego nos momentos de transição defensiva – ou seja, momento de mudança de ação entre a “hora de atacar” e a “hora de defender”.
A chamada troca de ação exige velocidade não somente de mudança de comportamento, como leitura do evento que ocorre na zona da bola e o que a rodeia. Note o vídeo abaixo:
A goleada deixa boa impressão e perspectiva para o Flamengo de Jorge Jesus. O futebol brasileiro que despreza e acelera processos precisa, por sua vez, entender qual é a sua parte na história. Por parte do português, sem amarras aos mantras que fazem parte do nosso mercado, entrega trabalho e ousadia dispondo a melhor qualidade técnica possível em campo.
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