Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Era apenas leitor recente do site, quando pediram para escrever sobre o trabalho do então demitido treinador Rogério Ceni no SPFC. Expus as precipitações e as inconsistências que culminaram com a queda. Três anos e quatro meses depois, Rogério chega ao Flamengo, hoje principal clube do país. Novamente uma chegada precoce, porém com bagagem mínima. Foram surpreendentes realizações no Fortaleza, uma passagem turbulenta no Cruzeiro e um retorno muito bom ao clube cearense. A saída no fim da temporada, para voos mais altos, era certa. A grande oportunidade (não exatamente um passe açucarado) veio antes. Mas vale perguntar: o Flamengo sabe exatamente quem está contratando?
Ainda nos dias anteriores à surra no Mineirão, a imprensa esportiva tentava entender o número de gols tomados pelo time de Torrent. Descobriram que o mesmo acontecia nos EUA, pelo New York City. Um jogo muito ofensivo, mas com números defensivos já sugerindo desequilíbrio. Não foi no que se pensou quando o catalão foi contratado. Só se falava em Jesus. Assim, o único destaque era para a mudança para o jogo posicional – que nossos comentaristas confundem com pebolim. O resto ficou fora da análise. Não só da mídia, como da diretoria que fechou o negócio. O resultado foi um Flamengo que lembrou muito o São Paulo de Osvaldo Oliveira, entre 2002 e 2003. Saraivada de gols na frente, saraivada de gols atrás, com a prevalência destes últimos nas horas agudas – como sempre acontece. E olha que era um time com Kaká e Luís Fabiano (que acabaram pagando o pato).
Tido como o mais promissor dos novos técnicos e com o trunfo da boa defesa cearense, Rogério Ceni logo se tornou a alternativa de emergência. Todavia, tudo indica que a contratação às pressas ignorou aspectos que podem lembrar, pois sim, pontos questionados no antecessor. Um deles é indisfarçável: tal como Jorge Sampaoli e seu ex-chefe Juan Carlos Osório, Rogério Ceni gosta de mudar escalações conforme os adversários. Foi assim nos três clubes que treinou. Não raro, para produzir surpresa aos espiões, entra com uma formação sequer treinada. Foi, aliás, a crítica pública feita por Thiago Neves, após a eliminação cruzeirense da Copa do Brasil, em 2019. Se algum diretor ou torcedor rubro-negro espera um time-base, só alterado em caso de desfalques, não vai rolar.
Outra dúvida é se Rogério conseguirá repetir o que mais impressionou – além dos bons resultados. Falo do grau de fidelidade dos atletas a suas determinações. Se mandasse um jogador bater dez vezes a cabeça na trave, ele batia dez vezes (até onze) a cabeça na trave. É muito difícil, para não dizer impossível, obter tal obediência num clube grande. Nem Klopp se julga com este poder. Acredito que a propensão dos atletas será de colaborar, mas é provável que suas noções de colaboração sejam outras. Neste contexto, é Rogério que precisará convencer o elenco do que, em Fortaleza, bastava decretar como um dogma. Não só quanto às mudanças constantes na escalação, mas também quanto às variações táticas que incluirão, sem dúvida, eventual uso de três zagueiros – ainda mais com o sistema defensivo em estado de calamidade.
Entre o desespero e a esperança, a chamada Nação rubro-negra precisa entender logo quem – e o quê – entrou em seus feudos. Com Rogério Ceni, o trabalho de Jorge Jesus ficará ainda mais distante. Sendo que, pela falta de tempo, obter os mesmos resultados nesta temporada é mais sonho que perspectiva. Talvez o doping emocional do início permita contornar lacunas e seguir adiante contra o também desequilibrado (e bem menos talentoso) São Paulo. Mais longe que isso é improvável. A meta razoável é o bicampeonato brasileiro. Para Rogério Ceni, já seria um marco. Para o que o Flamengo proclamava em janeiro, uma frustração. Mas não se erra tanto impunemente. E erra mais quem não olha para onde anda.
Rogerio vai ser campeao da libertadores com o flamengo
Incrível, só aqui eu li que o trabalho dele é distante do Jorge Jesus. Em todos outros sites que fizeram análises, mostraram com fatos e argumentos que se assemelham. Mas aqui, o autor somente disse que será distante. Ora, por que? Isso está mais pra um texto redigido por um torcedor são Paulino magoado.
Yago, você confunde fatos e argumentos com uma narrativa com final pré-definido, que é o que costumam fazer comentaristas quando o mote é deixar o torcedor esperançoso. Eu não faço isso nem com meu time, muito menos com os demais. Tenho vergonha na cara e não ganho pra enganar ninguém.
A propósito, depois de comentar, fui ler sobre o autor, e não deu outra: são paulino.
E…? Sendo que nem falei que Rogério será um fracasso. Disse apenas que não checaram que ele faz coisas que não foram digeridas com o antecessor. Os fatos estão lá pra você conferir. Mas faça você mesmo. Não escolha primeiro o que quer achar.
Não sou de pisar em cima, mas e aí????
[…] O Flamengo não conhecia Dome. Conhece Rogério?Por Gustavo Fernandes10/11/2020 […]
Pois é né , a demissão do Dome foi um desastre como imaginei . E olha que com o Rogério os jogadores misteriosamente passaram a marcar com ganas , igual com o JJ ! com o Dome marcavam de forma preguiçosa , displicente , seja por cansaço da maratona de jogos ou por ainda estarem com depressão por causa do JJ . O Felipe Luis admitiu que não correram pelo Dome em uma entrevista , obviamente por ter um forte contraste na forma deles atuarem na defesa antes e depois da demissão do dome . Eu sempre senti que o problema do Dome não era o esquema defensivo , o treinamento dele , mas a atitude dos jogadores .
Good